segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Diga-me com quem andas

O PSDB ainda vai acabar aprendendo a escolher melhor suas companhias. Na campanha pela primeira Presidência de Fernando Henrique, aliou-se ao PFL e quem tem um mínimo de memória há de lembrar o trabalho que ACM et caterva deram aos oito anos do governo. Depois, ajudou a entronizar o lamentável Severino Cavalcanti na Presidência da Câmara e já deve estar arrependido, pois até de ladrão o líder Alberto Goldmann foi acusado pelo próprio em alto e bom som. Por fim, o prefeito José Serra deve estar amaldiçoando o dia em que comprou a briga pelo Gilberto Kassab para vice. Quer dizer... médio. Sempre candidato à Presidência, o prefeito não deve ter ficado exatamente de cama pela derrota do governador na eleição para a Presidência da Assembléia Legislativa.


Escrito originalmente dia 19/03/2005 às 10h18.

Novíssimo mote

"Todo dinheiro emana do povo e em seu nome será desviado". (do leitor da Folha de S. Paulo José Roberto Ulian, no Painel do Leitor).

Escrito originalmente dia 19/03/2005 às 10h06.

Mais reinações de Narizinho

Meu querido amigo Didito Noronha me ligou inconformado com a expressão 'circo de escavalinhos', que usei no texto sobre o infame deputado fluminense (cujo nome, por total merecimento, já esqueci). Esclareço: é uma expressão muito usada pela boneca Emília, na obra de Monteiro Lobato. Coisas de leitura de infância, que minha esclerose não permite recordar com precisão. Preciosista da língua pátria, Didito deu uma busca no Houaiss, Aurélio e outros dicionários e não encontrou referência à palavra 'escavalinho'. Disse-me que suas lembranças lhe trazem sempre à mente a expressão 'circo de cavalinhos', porque muito usada na época da sua infância. E acho que no final das contas é uma questão de apego às próprias raízes (e de diferença de DNA - data de nascimento antiga): assim como eu não encontrei ressonância (ou empatia - you know what I mean) na expressão 'cavalinhos', você não encontrou na expressão que eu usei. Ficam o registro e a salutar e enriquecedora discussão. Mais que isso, fica meu orgulho por saber de sua assiduidade nas visitas ao meu blog e de como ele lhe dá prazer.

Escrito originalmente dia 19/03/2005 às 09h47.

Kids

Em momentos de rebelião, como agora, quando os adolescentes da Febem exibem seu calculismo e seu potencial de ferir, a opinião pública tenta demonizar a figura do menor infrator, como se fossem todos casos perdidos. Não são. São crianças, pelo amor de Deus, e, como tais, não podem ser culpadas por aquilo que os adultos fizeram delas. O fracasso é nosso enquanto sociedade. E não adianta tentar impor disciplina apenas. Sem amor, que é o que lhes falta, não se chegará a resultado algum. No mínimo, através de uma chacinazinha aqui, uma rebeliãozinha acolá, a pressão gerada pela desigualdade obscena da sociedade brasileira vai arrumar uma forma de vazar. Isso se a panela de pressão em que vive o Brasil não explodir de vez.

Publicado originalmente em 19/03/2005 às 08h20.

Total recall



É triste ver o Rio de Janeiro passar de capital da república a circo de escavalinhos. É impressionante a capacidade dos fluminenses de eleger gente cuja falta de seriedade só se compara às belezas naturais que os cercam, a começar pelo esquisito casal que governa o Estado. E a lista segue on and on. Agora me vem um tal deputado José Divino, do PMDB, com um projeto que visa proibir o implante de chips eletrônicos que permitam a identificação e localização das pessoas. Faça-nos um favor, deputado: fique em casa fazendo meditação. Não se meta a inventar mais formas de se intrometer na vida pessoal de cada um. Se eu quiser implantar um rabo, 'nobre' senhor, o problema e o ridículo serão exclusivamente meus. Será que o Estado representado por esse senhor não tem problemas dignos do nome? Para fim de conversa, o implante do tal chip custa algo em torno de US$10,000, ou seja, uma ínfima parte da população teria dinheiro para tanto. O pior é que, em se tratando de projeto de lei federal, a intromissão do ilustre parlamentar teria validade em todo o território nacional, interferido na vida de gente como nós que, até o momento, tinha a felicidade de nunca ter ouvido falar dele. Certas coisas não deveriam mudar. 



Postado originalmente em 19/03/2005 às 08h19.

Droga de vida






Kalil Gibran dizia que quando choramos a morte de alguém, estamos de fato chorando nossa própria agonia. Pode ser. Na verdade, é. Mas se os japoneses se preparam a vida toda para enfrentar a morte e nem assim conseguem...
Ontem, pela hora do almoço, liguei para o Duca Balás, amigo de mais de quinze anos, pedindo informações sobre uma pessoa que ele conhecia. Falei com ele pelo celular e ele me atendeu com o carinho de sempre, inclusive entusiasmado com a próxima confraria na casa da Norma. Hoje, às 7 em ponto, a Barbara me ligou e deu a notícia do falecimento dele por infarto fulminante do miocárdio.
O Duca era um cara super saudável, se alimentava direito, fazia exercícios físicos e não fumava. Pra completar, era uma pessoa muito afável e vivia de bom humor. Tinha acabado de levar umas cacetadas da vida, entre as quais o falecimento do pai dele e, muito menos importante mas também muito dolorosa, o desligamento do jornal para o qual escreveu durante muitos anos. E as levou com a elegância com que sempre viveu a vida.
Não dá, por mais que eu busque no fundo da alma as forças e a serenidade, para repetir a lucidez e a elegância dele. Sinto tristeza, revolta, indignação, desolação e impotência. Penso na Cidinha, mãe dele, e na força que ela vai ter que ter. A morte de um filho é sempre anti-natural. Preciso crescer. Até para homenagear o Duca.
Vamos sentir muito sua falta, amigo.

Publicada originalmente dia 19/03/2005 às 07h15.