segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Droga de vida






Kalil Gibran dizia que quando choramos a morte de alguém, estamos de fato chorando nossa própria agonia. Pode ser. Na verdade, é. Mas se os japoneses se preparam a vida toda para enfrentar a morte e nem assim conseguem...
Ontem, pela hora do almoço, liguei para o Duca Balás, amigo de mais de quinze anos, pedindo informações sobre uma pessoa que ele conhecia. Falei com ele pelo celular e ele me atendeu com o carinho de sempre, inclusive entusiasmado com a próxima confraria na casa da Norma. Hoje, às 7 em ponto, a Barbara me ligou e deu a notícia do falecimento dele por infarto fulminante do miocárdio.
O Duca era um cara super saudável, se alimentava direito, fazia exercícios físicos e não fumava. Pra completar, era uma pessoa muito afável e vivia de bom humor. Tinha acabado de levar umas cacetadas da vida, entre as quais o falecimento do pai dele e, muito menos importante mas também muito dolorosa, o desligamento do jornal para o qual escreveu durante muitos anos. E as levou com a elegância com que sempre viveu a vida.
Não dá, por mais que eu busque no fundo da alma as forças e a serenidade, para repetir a lucidez e a elegância dele. Sinto tristeza, revolta, indignação, desolação e impotência. Penso na Cidinha, mãe dele, e na força que ela vai ter que ter. A morte de um filho é sempre anti-natural. Preciso crescer. Até para homenagear o Duca.
Vamos sentir muito sua falta, amigo.

Publicada originalmente dia 19/03/2005 às 07h15.